Campeonato Mundial de Triathlon de Longa Distancia 2011

Parte da delegação brasileira na Parada das Nações.

      6 dias após o Ironman 70.3 Miami, hora de aprontar tudo para uma nova largada, dessa vez no Campeonato Mundial de Longa Distância, integrando a Seleção Brasileira de Triathlon de Longa Distância. Já fazem quase 10 dias que estou em viajem e quando se está fora de casa, normalmente se segue uma tendência de comer mal, dormir pouco e andar muito, e é bastante lógico, que isso não ajuda muito na recuperação pós-prova! Apesar da consciência da necessidade de repouso e de uma recuperação bem feita, impossível não aproveitar um pouco o tempo livre para conhecer novos lugares em Miami. Assim, apesar das dores musculares, procurei alternar o repouso e treinos regenerativos na água e na bike, com um pouco de lazer e turismo antes de embarcar para Vegas.

Na área de transição, e o lago onde seria a natação.

  Embarcamos, eu e Hilton, para Las Vegas na quarta-feira (02/11), e ainda em Miami, encontramos, no aeroporto, com o Aberlardo Ramos e o Silvio que viajavam também para integrar a delegação brasileira. Chegando em Vegas, seguimos para o hotel, o Fiesta Cassino, em Henderson que fica a 20 minutos do aeroporto de Vegas, para encontrar com o restante da delegação.  Ao chegar ao hotel, treino de corrida para esticar as pernas na companhia de outros atletas amigos, almoço reforçado e descanso o resto do dia. Na quinta, aos poucos fomos encontrando o outros integrantes da delegação, a noite jantar de massas  na "Parada das Nações" com todas as delegações presentes no evento, só confraternização. Na sexta, a surpresa, o check-in de bike, foi feito debaixo de chuva e temperatura proximo aos 7°C, contrariando as previsões de clima seco e temperatura na casa dos 18° C.

Na largada, frio de 6º e alivio após cancelamento da natação. 

     No sábado, dia da prova, acordei as 4 da manhã, e confesso que demorei mais que o normal para sair da cama, a temperatura ambiente e principalmente da água me preocupavam bastante, não consegui imaginar como seria nadar naquelas condições... Depois de tudo pronto, segui para o local da largada, com o termómetro marcando 4° C e com muita apreensão. Ao chegar no local de largada, a ótima noticia: Natação cancelada! O que poderia ser motivo de insatisfação para muitos, foi motivo de alivio para todos... Apesar de todas mudanças de logística das transições, largada, esquema de nutrição e hidratação, isso sem falar nas horas e horas gastas em treinamento nas piscinas por todos os atletas presentes, o alivio foi geral! Seria impossível fazer uma prova naquelas condições...

Alivio ao colocar os pés no chão.

         Enfim, largada foi adiada em 30 minutos para que todos aprontassem tudo numa tenda aquecida, após isso, a cada 5 segundos foram largando atleta a atleta de acordo com a numeração. Larguei com luvas, camisa e meias de compressão, touca e corta vento, na tentativa de amenizar o frio, vento forte e poucos metros à frente, já começamos a subir, e como subimos naquele pedal. As montanhas que rodeiam Vegas, além de um cenário de filme, exigiram bastante preparo de todos.. Subidas longas e com bastante inclinação, descidas com o vento contra e forte que sobe as montanhas. A partir dos 90km rodados as coisas ficaram mais difíceis e meu ritmo caiu bastante, a brincadeira perdeu completamente a graça e torci demais para concluir aquele pedal . Já imaginava aquele que pedal seria difícil, mas não daquela forma... Ao chegar na área de transição, sentia muitas dores nas pernas e cansaço nas costas e pescoço, devido as subidas. Demorei um pouco e saí para correr aliviado e feliz por ter completado uma etapa do desafio.                        

Alivio e alegria, fragilidade e força...

       O percurso da corrida eram de quatro voltas, onde subíamos metade e descíamos a outra metade da volta. Nas descidas, tentava sempre soltar mais, para aumentar o ritmo, nas subidas ao objetivo era tentar não ser tão lento. Sempre caminhei nos pontos de hidratação, para alternar os estímulos nervosos, e tentar adiar a fadiga. Incrível mesmo, foi a sensação que me dominou por volta do km15, onde apesar do cansaço daquele momento, uma  leveza, tranquilidade e alegria prevaleciam em mim... Fiquei meio " Zen" nesse instante,  e curti bastante aquele momento, além de me admirar com os efeitos e respostas que o corpo humano produz!

 Enfim, segui num ritmo constante até o km 28, onde não consegui mais correr! Isso mesmo, meu corpo travou e até caminhar era praticamente impossível. Dificil de de aceitar e acreditar que isso aconteceu ainda mais que só faltavam 2km para completar a prova mais difícil da minha vida... Durante uns 3 ou 4 minutos forcei bastante para me manter correndo até que aos poucos, e com muitas dores, fui voltando a correr num ritmo lento mas suficiente para acabar logo aquela prova. cruzando a linha de chegada com a bandeira do nosso país cedida pelo amigo Chico Samuel , que já havia completado a prova. Após a chegada, misturas de alivio e alegria, fragilidade e força... Inexplicável, imensurável.... Obrigado Meu Deus!

Pós prova, muito frio e cansado, mas feliz e realizado!

Adriano Nascimento : 63º Lugar F.E. 30-34 anos - tempo: 7:48:08h - Obrigado Meu Deus